quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O que nunca fui

Eu teria sido uma boa bailarina se minha mãe tivesse insistido. Teria sido uma bailarina se não preferisse levar sacolas de roupas para a escolinha e brincar que era outras pessoas, sempre outras, nunca eu. Eu teria sido uma boa bailarina se minha mãe tivesse optado pagar a mensalidade cara do balé. Eu até dançava na ponta dos pés, ao redor da mesa da sala, a pedido do médico. Tinha os pés tortos, ele dizia. Talvez ainda tenha. Talvez ainda saiba ficar na ponta dos pés. Talvez um dia tente.