quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Ela tinha uma meia listrada e sempre a usava nas viagens e momentos importantes. Era uma espécie de meia da sorte mas ela não queria admitir tal fato, soava idiota demais. Claro que ela não sabia quais seriam os momentos importantes, mas sentia, sentia com tanta intensidade que a primeira coisa que pensava era na meia. E a meia sempre lá, ano após ano, furada e costurada uma porção de vezes, quase sem cor, mas sempre presente.

Talvez a meia passasse de geração em geração como uma joia rara de família.
Talvez ela pegasse fogo.
Talvez ela morresse.
Talvez ela virasse pó.
Talvez ela...
Só talvez.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Trair não significava apenas contato físico. Ela traía com os olhos, com os pensamentos e com os sentimentos. E, no final de cada dia, engolia a culpa e chorava. Queria todos, seus olhos brilhavam por todos e quase não podia admitir que uma menina tão correta tivesse um distúrbio desses.
Mas ela seguia o ritmo do silêncio e das notas e da tristeza. Porque, apesar de tudo, nada podia fazer.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Todo mundo achando que sabia tudo de todo mundo. Todo mundo achando que sabia tudo de si mesmo. E o que não sabiam era que o nada transcendia no ar e cantava e tomava forma de gente só pra fazer todo mundo achar mais do que não sabia.

O nada era mais do que gente porque sabia o que sabia e não cultivava o achar no seu vocabulário.