segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não posso escrever aqui e dizer que as palavras são minhas. O texto pode ser meu... não, não pode ser meu porque ele é um conjunto de palavras que não são minhas. Eu não as inventei, apenas tive posse por alguns momentos. As palavras eram de quem as criou, mas depois passaram a ter vida própria. Elas, assim como as pessoas, não gostam de mim, não sei por quê. Elas têm poder sobre o meu ser, sobre os meus pensamentos, sobre os meus sentimentos e eu ainda dependo delas para me expressar. Não gosto de depender de ninguém, muito menos delas que adoram brincar comigo, me enganar.
Queria ter o privilégio de inventar alguma coisa e tê-la só para mim, para atribuir ao meu egoísmo. Palavras são mil vezes mais do que sons e cores. Elas tem o dom de fascinar e eu ainda não encontrei ninguém com esse dom -nem vou encontrar já que fascinação requer um misto de coisas insignificantes e significantes.

sábado, 20 de setembro de 2008

Os sons sempre me deixaram estática. Qualquer som. E de todos eles o que mais mexeu comigo foi o do silêncio. Meus ouvidos tentaram captar qualquer ruído que fosse, mas o silêncio era um reflexo do que passava na minha mente. Como se o xadrez cinza que eu via quando fechava os olhos tivesse som. Era esse o som do silêncio.
O som das minhas noites em casa nunca passou do vento lá fora. O som das minhas noites em companhia sempre passou de uma gargalhada. Talvez, dentro de mim, os sons estejam num nível acima do que as cores. Não sei mais inventar cores, mas sons eu sei inventar, sempre soube, minha cabecinha neurótica sempre me proporcionou esse dom.
Nas noites de festa o som sempre era acompanhado por um eco, longo e alto. Muitas vezes esse som com eco se chocava com as cores escuras da noite e aí acontecia o fim. Porque eu sempre soube que sons nunca podiam se misturar com cores. É como uma bomba jogada ao chão. Explode. E nesse aspecto não explodia exteriormente, na rua, explodia dentro de mim e eu ficava por horas alarmada, confusa e na maioria das vezes chorando sem motivos.

Os pensamentos são tão confusos e eu odeio quando as flores do meu copo murcham e apodrecem. Odeio muitas coisas mas não sei se ódio é a palavra correta para definição. Talvez não suportar seja o correto. Não, eu suporto. Então não sei qual a palavra certa. Mas eu não gosto de muitas coisas, realmente. Inconsciente ou consciente, tanto faz. O fato é que muitas coisas não me agradam e eu me prejudico por isso. Essa mania de não gostar de muitas coisas e guardar dentro de mim me prejudica, me afoga nos meus não-gostares, transforma a parte boa de mim também. Nesses últimos três anos eu aprendi a controlar muita coisa, menos o inconsciente. E toda vez que eu falo dele, eu tenho consciência de que mesmo que eu tente não vou conseguir controlar uma coisa que em parte não faz parte de mim. Quer dizer, ele faz parte de mim ao mesmo tempo que é de uma parte tão interior que eu não tenho acesso. É fundo demais para eu conseguir alcançar e receio que mesmo que eu alcançasse não conseguiria voltar ao meu estado normal e morreria lá no fundo, sufocada.

sábado, 13 de setembro de 2008

É angustiante ainda enfrentar o frio da manhã olhando para pessoas que já fizeram parte do meu passado mas deixaram perguntas que continuam a me perturbar no presente. Às vezes eu acho que nunca vou conseguir tirar alguns caminhos incertos de mim se não souber motivos de fins anteriores. Minha vida precisa ser completamente transparente para eu conseguir seguir em frente sem receios. Não sei quem fui naquelas tardes ensolaradas e não sei quem sou em algumas manhãs congelantes. Há ainda essas exceções e eu não consigo fugir delas. Uma corda que me prende frente aos meus medos; eles são de aço, eu não sou. Sou só uma menina fraca tentando parecer forte. Essa é minha base e como eu vivo dizendo, bases são intactas.