domingo, 27 de outubro de 2013

Para Maria

Às vezes eu me pergunto se você existe. Se está voltando. Se algum dia realmente foi embora. Às vezes eu me pergunto o que vem com a noite. E lembro que nunca mais olhei pro céu em busca dela, ela que é minha. Às vezes eu me pergunto o que guardei de ti. E o quão disso realmente existiu. 
Me pergunto se sempre vou me perguntar. Se não vou esquecer. Se no silêncio da estrada sempre irei lembrar. Me pergunto se bebo outra taça de vinho. Se não bebo. Se devo voltar no lugar das formigas só para ver os aviões. Se tranco a casa e saio pelas ruas vazias. Se fico vazia.
Às vezes eu penso o que sobrou disso. E para onde foi o que não ficou. Às vezes acendo o cigarro e balanço o pé no ritmo de uma melodia que só eu sei. Depois pego a gaita de boca e pergunto pra ela, meus lábios nos espaços miúdos, o que foi que eu fiz quando eu nem sabia que estava fazendo alguma coisa. 

Nem agora sei. 
Me pergunto se algum dia saberei.