Às vezes sufoco com o meu desejo repentino de viver. De repente, a letargia levanta da cadeira de rei e vai embora. Deixa meu coração leve, meus olhos entre o choro e o riso, minhas pernas inconformadas demais para ficar na mesma posição durante mais de um minuto. E de repente eu também sou tomada por uma dança que escorre do peito e vai parar na ponta dos pés.
Por alguns segundos, planejo para um dia o que demandaria tempo de um ano. Quero pintar e andar de bicicleta e desenhar. Quero pegar a minha gaita de boca e tocar qualquer coisa fora do ritmo, dentro do meu ritmo abstrato e eufórico demais. Quero grudar na testa do mundo a solidão despida.
Por um tempo – tão escasso que quase não pode ser descrito – sou outra vez.