segunda-feira, 1 de julho de 2013

Notes from the couch XII

Julho chegou junto com os pesadelos misturados à realidade, junto com os barulhos do vizinho no apartamento de cima, ou no do lado. Junto com a insônia. Acho até que entraram de mãos dadas pelo quarto, julho e a insônia.

Julho chegou na metade da leitura de um conto de Caio Fernando Abreu. De uma das dez tentativas de dormir. Julho chegou no segundo cigarro, e se acomodou nos meus olhos cansados e vermelhos. Julho chegou na tentativa de choro que morreu na garganta, pois é tanta apatia, tanta, que nada sai de mim. Qualquer esforço é demasiado desgastante.

Julho chegou quando a barriga já anunciava fome, e quando a vontade de dormir gritava desde às 19h. Talvez junto com a antiga loucura. E, embora eu não queira acreditar nisto, é sempre nova a loucura. Sempre vem mais cambaleante, mais pesada, mais indiscreta, mais destoante. Nunca foi tão amargo o gosto de julho. Talvez porque antes havia você já nos últimos dias de junho. E julho chegava doce e calmo. Não assim, rasgando o peito desconfigurado. Nunca foi tanta a sede. E nunca foi tão vazia a geladeira. Sem vinho ou qualquer coisa que pudesse amenizar a apatia.

Julho chegou de qualquer forma, menos brando.