quinta-feira, 15 de novembro de 2012

"É um mito, esta cidade, com seus quartos e janelas; mitos fumegantes." Capote

Haveria sempre o bar da avenida, o bar da esquina e o bar novo. Inevitavelmente, em cada um deles, uma história velha. Uma história que eu uso e desuso nos textos, nas lembranças, na agenda amarela atrasada. E não tenho vergonha de ser repetitiva. Mas não escrevo mais estas histórias em páginas em branco. Escrevo na confusão dos dias, nos pesadelos das noites, no café forte da manhã e na loucura que vem às 15h, depois do excesso deste último.
As luzes desta cidade continuam a um palmo da janela. E eu penso em todos os outros mundos que não são os meus, que não são meus. E tento imaginar se um dia serão. A verdade é que não os quero. Sequer consigo aceitar a existência deles. Ela pesa. É como uma comida que não foi digerida e está no estômago. Como a cerveja quente que não desce. Como a geladeira vazia. E, entretanto, desenho desfechos para todos os mundos, guardo-os dentro de mim, contra a minha vontade. Tudo ressoa como o sino da igreja que eu vejo quando o ônibus passa por aquela rua.