quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Chá de morango, por favor. Muito açúcar. Muito sono. Muitos pesadelos depois da insônia. Não passe com a térmica de café perto de mim. Muita azia. Muita cerveja em dias de semana. Muito desespero. Limpe o chão do segundo andar da casa colorida no parquinho, aquela em que a menina chorou por uma hora inteira, sem motivo, em uma noite de abril. Mas não conte que fui eu. Não conte que a lua estava linda naquela madrugada e que o vento dançava junto com as folhas secas de outono. Fale baixinho de sonhos. Me convide para passear no final das tardes, matar aula, ver os aviões pousando. Todos os sentimentos transbordando dos olhos. Pouco tempo. Poucas coerências. Poucos vidros de silêncio em cima da cômoda. Uma saia rodada, por favor. E logo os meus traços se transformam, novamente, em traços de menina travessa. Não limpe o batom vermelho dos meus lábios. Ele é a garantia do presente. Não posso mais me perder. Tudo começa e termina com uma garrafa de vinho barato e um céu negro que pode ser desenhado. Quase rimou. Mas eu não sei se você gosta de rimas.

M.B.