segunda-feira, 27 de junho de 2011

"(...) e eu tive certeza de que ela me escuta, que não está sentada junto ao piano, com o chá esfriando na sala escura e roxa, tão alto que a obrigue a voltar-se e encarar-me e dizer duramente que sim, que não, que tudo isso não é verdade, que todos nós, eu, ela, ele, todos os degraus e todas as sombras e todos os retratos fazemos parte de um sonho sonhado por qualquer outra pessoa que não ela, que não ele, que não eu." Abreu

O frio para amenizar a sensação estúpida de fazer tudo ao contrário do que deveria ser feito. Tão simples e, entretanto, a confusão é que protagoniza estes dias inconstantes. O rosto branco da menina refletido nos carros, as olheiras incoerentes com o sorriso leve nos lábios. Para que pegar o ônibus e seguir por outra manhã e ouvir as pessoas reclamando da temperatura baixa e ver os cães tristes com os pelos molhados pelas ruas do centro da cidade?
Oh, café, afogue no inverno a falta de vontade desta menina. E deixe que a sensibilidade tome a indiferença e ambas sigam o passo ensaiado da valsa e possam adentrar na madrugada e sentir seus pés congelados, mas que gargalhem, gargalhem do alto da inocência.