sábado, 28 de agosto de 2010

É que precisava dar pra alguém esse amor que nascia e morria todo dia porque não havia mais potes disponíveis. E precisava encontrar sorrisos ao invés de egoísmo. E precisava de cores e estrelas e nuvens desenhando estradas. Mas só a poeira do dia é que formava frases e a embalava pra dormir. E só a angustia dos papéis brancos e intactos é que a deixava sonhar com duendes e fotografias.
Não tinha consciência do saber. Nem ao menos havia uma inconsciência. O que é que podia ser mergulhada em reflexos e borrões?
É que precisava falar e ao mesmo tempo não podia ser ouvida. E precisava de castelos de areia e de incoerências. E precisava correr pra cair nas suas próprias armadilhas. E só o seu grito no início da manhã é que a deixava disposta a silenciar no restante do dia.

Caminhava, olhava pra trás e não via suas próprias pegadas na estrada. O que é que podia ser?