domingo, 16 de maio de 2010

Teve um outro "ela" essa semana. E esse "ela" me deixou tão feliz que até doeu. O cabelo curto e preto como o das outras quatro. Casaco até o joelho e um olhar fixo que pendia na parede da lanchonete. Encarou-me, não sorriu, desviou e continuou com o olhar na parede. Vinte ou vinte e um anos. Talvez vinte e nove. Rosto branco como a neve, lábios com traços finos e bochechas avermelhadas. Invento mil nomes diferentes e pra cada um há um apelido. Agora é minha, também. Joana, Carmem, Dolores, Beatriz, Júlia, Ana, Caroline ou Gabriela? Prefiro chamá-la de Ar. É que ando precisando respirar nos últimos tempos e a presença dela pode me saciar. Mas tudo o que eu consegui foi vê-la ir embora, em direção ao estacionamento, e sumir na noite. Talvez ela se chame Delírio ou Ilusão. E enquanto todo o meu mundo desmorona ela deve estar tomando um café e lendo Lispector. E enquanto eu preciso dela ela não precisa de ninguém.