sexta-feira, 2 de abril de 2010


"Bêbado, babaca, poeta" Kerouac

Bêbada e babaca ela era. Quanto a poeta, não sei.
Meia noite e meia no bar, seis pessoas e ela dançando como quem perdeu alguém e precisa esquecer. Bebeu tantas cervejas que parecia uma criança quando gritava "quem é que vai dançar comigo?", mas não era engraçado, era apenas... triste. Fazia o tipo dessas mulheres tímidas que usam saia até o joelho quase, uma sandália e uma blusa sem enfeites. Estava com o namorado, mas depois de uma meia hora ele, já cansado do escândalo dela, simplesmente pagou sua comanda e saiu. Ela ficou ali, dançando até o chão e bebendo mais e mais cervejas. Saíra de sua suposta timidez e esse progresso resultou na perda do namorado. Que tipo de pensamentos passou pela cabeça dela? Isso se ela tinha algum fio de pensamento.
Eu observava de longe, a melancolia daquela cena fazendo um buraco em mim. Talvez fizesse um buraco nela também. Acordaria, muito provavelmente, com uma ressaca de não conseguir levantar da cama e perceberia que perdera o namorado e a razão. A razão para ela deve ter mais peso. Pra quem é da sociedade, quando se perde razão se perde tudo.

A luz da lua entrava pela janela. Princípios foram esmagados com o sapato. E a lua ali, que ironia!
Talvez a mulher não soubesse mais quem era e precisava encontrar nas letras daquelas músicas antigas uma frase que lhe mostrasse o caminho. Mas não tinha caminho algum. Acho que quando percebeu isso parou de dançar, pegou o casaco em cima do balcão e saiu.