terça-feira, 3 de março de 2015

Notes from the couch XXXVII

Já faz tempo que não é tempo, que não é mês, que não é agonia. Já faz tempo que é poesia, que é travessia, que é autocinesia. Não sei quando é que tínhamos casa, que mantínhamos uma vida em primeira pessoa. Não sei quando era outra vida. Não sei em que momento nosso estado era consciente, se éramos ou não ausentes de nós mesmos, se éramos ou não sofrentes. 

Já faz tempo que não é 24 horas, que é verão, que não faz calor. Já faz tempo que o calendário foi alterado. Não sei quando os números começaram a se confundir e as palavras pararam de sair em frases coerentes. Não sei se em algum momento realmente fomos displicentes. Não sei se em algum momento fomos qualquer coisa. Agora estamos. Apenas estamos.