domingo, 1 de junho de 2014

Notes from the couch XXIX

Hoje é domingo, mas prefiro não pensar que é domingo. Dói menos não saber. Junho começou, ainda por cima em um domingo, mas continuo sentindo a aflição de maio. Junho começou bêbado. E embebedou meus sonhos também. Todos tivemos pesadelos. Acordamos pesados, cansados. Junho começou pelo fim. Talvez as coisas fossem mais fáceis se começássemos sempre pelo fim. Assim, saberíamos de antemão o que vale a pena viver ou não.

Agora eu digo.
Não. 
Agora não.

Chegar ao fim é aceitar que aquilo tudo passou. Que não há nada que se possa fazer em relação ao que aconteceu. Que haverá outro começo. E que esse novo começo tem que ser melhor do que o anterior. Senão, a frustração. Pelo menos com junho iniciando pelo fim, aflito e cansado, ele pode terminar bem: começando. Junho deveria ser sempre o meio. Junho é metade, afinal. Mas nunca consigo ser o que está no meio. Logo, junho também não. Junho vai ser aflição para depois ser paz. Junho terminará começando colorido. Haverá balões. Música clássica. Não haverá copa porque não tenho televisão, e a FM cultura não transmite os jogos. Também não haverá pausa. 

Junho começará quando os primeiros dias de julho chegarem. E a cama, onde uma unidade corporal ocupa, será abrigo para duas.

Depois eu digo.
Sim.
Agora sim.