sábado, 7 de junho de 2014

Não leia. Está confuso demais.

Reticências. Fecha parênteses. 

Acabou. Assim, seco; uma palavra seguida de ponto final. Pleonasmo. 

Os olhos automaticamente se umedecem quando percebo que havia acabado faz tempo. Eu é que continuei me enganando, engasgando-me com o silêncio, entorpecendo-me com os pesadelos. Neles, eu sempre estava indo. E nunca chegava. Era angustiante acordar de manhã com esse pensamento, percorrer o dia e entrar na noite ainda pensando no sono. No bar, preferia o ponto mais escuro, a cerveja mais clara. Mas, aos poucos, percebi que ficar ali também era uma espécie de pesadelo. Porque eu vivia esperando. E não sabia bem o que eu esperava, embora o meu palpite seja de que eu só esperava pelo fim. Pelo fim que chega agora, mesmo tendo começado há algum tempo. 

Eu é que não vi, penso de novo. Eu é que não quis ver. Me entupindo de cerveja, de insônias, de cafés sem açúcar e de vinho nos finais de semana. Eu é que não quis ver. Me entupindo de música clássica, livros e pinturas pra não me afogar na solidão. Eu é que não quis, embora tenha tentado me convencer a querer. Acho que, agora, nem é questão de querer. Acabou e pronto. Saí da loucura pra me dar conta do caos que estava inserida. E não sei como, e não sei como consigo sair parcialmente inteira. Há uns arranhões, é claro. Não sei se ficarão cicatrizes. Não faz diferença agora. Já estou do lado de cá.