sábado, 10 de maio de 2014

Barbas Tortas, 10 de maio de 2014.

Querida Lissa,

quero tanto voltar a escrever textos longos, pensamentos. Quero tanto ter pensamentos. Te mandar cartas e me encontrar nas palavras que preenchem a tela do computador. Ou do meu caderno. Se a gente não fica se repetindo sempre o que é, o que somos, acabamos por esquecer. Até mesmo quando não somos qualquer coisa precisamos saber disso. E recordar a todo instante. Se a gente não vive, acaba sobrevivendo mesmo. E tudo o que eu não quero é empurrar esse cansaço pra frente.
Tudo sempre passa, não é? Mesmo quando volta... acaba passando de novo. E quando volta de novo também passa de novo. Você diria que é um ciclo, talvez. Não sei que nome dou a isso. Acho que no fundo as coisas funcionam como o mar. Tanto no que se refere aos afogamentos tanto no que diz respeito ao que as ondas levam para a areia. 
Estou cansada, mas não é de um jeito ruim. Estou cansada porque não paro mais para ver o céu ou para gostar da chuva. Estou cansada porque aproveito todos os minutos do meu dia para fazer coisas que deixam meus ombros tensos. Não é ruim. Mas deixa corpo e mente cansados. Conto os dias para deixar de ficar cansada. Vinte dias.
Não sei o que te dizer que não te disse antes. Que faça sol aí, amanhã. Que seja praia. Que seja mar. Que seja amar. Que seja cerveja. E se não for cerveja, que seja vinho pelo menos. Que seja paz. Que seja ar. E se não for ar, que seja falta de ar. Mas uma falta de ar por motivos bons.

Com amor. Este, sim, sempre.
M.B.