quinta-feira, 13 de março de 2014

Embora eu te diga que não

Ontem eu te ouvir bater no vidro. Pedia incessantemente para entrar. Era tão ávida a sua vontade de invadir a casa que meus olhos mal se fecharam durante a noite. Mesmo cansada, não sucumbi. Permaneci imóvel na cama, os olhos se diluindo em dor. Mas era só isso que doía. Meu coração descansou em paz, mesmo que a mente não tenha se desligado. Hoje já não sei se será assim. Tampouco saberei sobre o amanhã. Entretanto, tenho me mantido ilesa. Aguento os seus esmurros na janela. Janela esta que é tão frágil que pode se romper devido à sua força. 
Tentei abafar os ruídos com música clássica, mas a sinfonia que se formou foi tão caótica que desliguei o radinho de pilhas que meu avô deu. Nos intervalos dos seus esmurros, ouvi o silêncio. E os gritos dos bêbados pelas ruas. E o vizinho que nunca vi colocando a chave na fechadura da porta.

Ontem eu te ouvir bater no vidro e fingi que não era comigo.