terça-feira, 10 de setembro de 2013

Demoro-me no vinho como quem quer sorver a menor gota, como quem aprecia sem pressa uma vista bonita da sacada. Bebo com calma, como que querendo eternizar o momento da taça nos lábios e do vinho ameno descendo pela garganta quente, quase febril. Demoro-me no vinho como quem demora fazendo amor, querendo congelar o ato, mas também querendo a sensação final: o êxtase; no caso do vinho, a embriaguez. Cuido para não derramar uma gota sequer em cima da mesa. Cuido também para que o líquido não borre o meu batom. Bebo quase que com maestria. Como um conde beberia em sua mesa. Como um rei que não foi coroado.