domingo, 18 de agosto de 2013

Uma canção de amor sem melodia

Vem. Não tem chá, mas podemos inventar todo o enredo. Podemos nos enclausurar naquele mundo de vestidos brancos, feitos de lençol. Vem que eu danço no meio do quarto, enquanto você me olha extasiado. E nos intervalos das músicas você pode me pegar para, juntos, rodopiarmos pelo quarto, como se afinal nunca nos sentíssemos tristes ou magoados. Como se fôssemos leves. Vem. O mundo tem outras cores aqui dentro. E os sons do caos da rua param no parapeito da minha janela e são expulsos pelo alívio da noite. Da nossa noite. 
Vem. Não é mais “século” aqui. Não há esse tipo de definição. Vem. Enche minha taça de vinho e observa minhas bochechas corarem. Vem que não é inverno. Nem verão. Não há estação que possa se encaixar no tempo em que vivemos. Vem para assoviar enquanto eu faço a comida. Depois, escuta as notas saindo da gaita de boca, sempre tão incompatíveis com as usuais. Vem para me deixar criar o que eu quiser. Para olhar a minha loucura de perto e ainda assim me achar bonita.
Vem. Toca a minha música preferida no violão. Vem. Quando você está aqui, as horas não existem. E tanto faz se amanhã preciso acordar às 7h. O amanhã é algo tão distante. Vem para falarmos por horas e horas. Para comemorarmos o nada. Para brindarmos por tudo. Vem que ainda tem um resto de vinho. Vem que eu prometo não ter pesadelos à noite. Nem parar de respirar durante o sono. Vem que eu serei boa menina.