quinta-feira, 2 de maio de 2013

Transbordou. Foi logo pela manhã. A água inundando a casa e o sono ocupando o lugar do desespero. Há muito sono. E sangue grosso correndo pelas veias. Ou talvez as veias é que são finas. Nem sei. Sei que os cinzeiros estão cheios e nas paredes se sobressaem as marcas dos meus pés.
Não fiz nada a não ser cobrir a casa com panos, esperando que eles enxugassem a água. Molhei as minhas meias pretas. Usei panos de louça, toalhas de banho e até papel toalha. Usaria toalha de mesa se tivesse. Não coloquei as botas de chuva. Nem lembrei delas. Só fiz olhar a água e tentar pensar o que diabos estava acontecendo. Mas estava com muito sono (como eu disse) para pensar.

Talvez a palavra certa seja apatia.

Pensei "Lissa, minha casa é que se transformou em navio". 
Não vou até o mar, mas o mar vem até mim.

Depois fiquei com sede. Tanta água deixou minha boca seca. Está seca até agora.