domingo, 28 de abril de 2013

Domingo

A cidade amanhece no vazio. Não na paz, com os raios de sol, ainda insuficientes para aquecer qualquer corpo às 7h da manhã. A cidade amanhece no susto. Como quem acorda de um pesadelo, mas não grita. Guarda nos olhos os homens de rua, enrolados em panos imundos, com cheiro de urina. Guarda na boca o medo. Guarda no rosto as olheiras de quem se levanta para trabalhar e caminha pelas ruas cheias de papéis que se dissipam com o vento. Guarda no silêncio as gargalhadas bêbadas de quem saiu da balada e espera no ponto de ônibus, os corpos femininos apertados em vestidos de cor preta, os pelos dos braços arrepiados com o frio.

A cidade transborda de vazio aos domingos.