quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Hoje eu tive certeza que ela sabe quem eu sou, mesmo que ainda não tenha me achado na lista, que não faça a mínima ideia de qual é o meu nome. Sabe também que era eu, naquele café, naquela tarde quente da metade de setembro, não sei que horas. Sabe que fui eu quem olhou para a mesa dela para saber quem é que tinha dito aquilo, mesmo que talvez não tenha sido ela. Mas não sabe que eu olhei a segunda vez para gravar os rostos, os rostos que não gravei, e que senti vontade de falar que ninguém nunca tinha dito algo que me havia feito sentir tão compreendida. Uma estranha, eu pensei naquela tarde, achando que nunca mais voltaria, e que se voltasse pelo menos lembraria quem disse aquilo, aquilo que eu tanto quis dizer, mas nunca consegui.
Hoje eu tive certeza que ela sabe quem eu sou, perto da minha mesa, depois na saída do banheiro e depois da mesa dela. E sei que em cada olhar existe a desconfiança de saber que eu ouvi tudo, e que talvez não tenha compreendido. Mas, afinal, eu nunca saberei quem foi que disse aquilo, e ela nunca saberá que eu ouvi cada relato, os olhos quase transbordando, a vontade de sorrir um sorriso tímido pedindo que me entendesse também, que era ela, que ela era eu, e que aquela torta de chocolate, dois ou três pedaços, era o que mais de incomum poderia haver entre nós. Só que eu sempre gostei de chocolate.