quarta-feira, 28 de março de 2012

Me espera no aeroporto, teus olhos confusos me procurando na multidão, tão ansiosos e perdidos quanto os meus. Me espera como naquela noite em que o avião decolou atrasado, no meio da tempestade, e tivemos exatos 55 minutos para atravessar a cidade e chegar a tempo no concerto. Me espera para falar que é mentira o que ela falou sobre eu ser a tua utopia de amor. Me espera, pois eu já não quero ver teus olhos tristes, como na segunda, e não quero que você busque interpretações para os meus silêncios engolidos com duas xícaras de chá sem açúcar. Me espera e escuta, no meio daqueles ruídos, o barulho dos meus sapatos caminhando naquele chão liso e cinza. Me espera e abre um sorriso, porque ele é o único que ainda pode me aquecer.

M.B.