quinta-feira, 1 de março de 2012

Encara o teto desbotado. Tentou de tudo: Literatura, estágio, emprego normal, trocar de cidade, de cabelo, de roupa. Não há por que continuar tentando. Os fatos são estes: a realidade soluçada entre uma xícara de chá com excesso de açúcar, pés com as solas sujas de tanto andar de um lado para o outro e idas até a varanda que continua encharacada por causa da chuva. Desistira das cores há muito tempo. De tarde come bolo de chocolate, sem cobertura, e bebe uma xícara enorme de café para chamar a insônia. Mas continua sã, lúcida, encarando a garrafa cheia de vinho, no canto do quarto, intacta. Vai é ficar por ali mesmo, uma semana, um mês, uns anos, o céu azul pedindo socorro, chuvas de verão que adentram no outono, afundam o inverno, persistem na primavera e não morrem no verão seguinte.