quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Te digo que o orvalho é pouco e que o sol cega e que a cama desarrumada é o que mais grita. E te escrevo em dó e canto sem voz a letra cheia de rimas. E fico longe das cervejas para a indiferença permanecer em seu lugar. E mato lentamente as frases que se repetem e arranham as paredes recém pintadas.
Não construo sonhos, amor. Sim, as cores vivem em mim. E emudecem e dançam e esfolam o meu peito. São tantas que me sinto pesada. A realidade é tão superior que sorri para a ilusão e já não sei mais qual é qual. Desisti dos quebra-cabeças. Tão poucas as desistências e as vírgulas e os tombos que quando machuco as mãos penso que é culpa da minha pele que é branca demais.
Te mostro os recortes das revistas rasgadas que eu guardei nas caixinhas embaixo da cama. E sinto o drama das fotos desbotadas. E respiro o pó que talvez faça algo sumir. Invento os fatos e luto para deletar os sentimentos. Finjo que água é ar. Você vê que as palavras voltaram? Só não sei como te escrever que o meu céu é mais bonito. E mais puro.

M.B