domingo, 16 de janeiro de 2011


Acordaram cedo no domingo, os olhos cansados e o corpo já sentindo o peso da saudade que os dominaria nos próximos meses. Descobriram que ela iria embora naquela tarde, assim, repentinamente. Ele sentou na cama e chorou, as notícias ruins do domingo se acumulando. Ela sentou no colo dele e o abraçou com tanta força que pode sentir toda a tristeza, e chorou, também.
A mala para ser arrumada e o tempo que não passava. Foram almoçar pizza italiana em um restaurante italiano. Depois voltaram caminhando para casa, lentamente. O sol forte queimando a pele dos dois. Os segundos se arrastando e eles apenas esperando.
Chegaram no aeroporto com os olhos cheios d'água. Ele não chorava porque queria se manter forte pra que ela não chorasse, mas ambos caíram no pranto assim que viraram as costas. Foi assim: São Paulo, 15:00, sol e a dor da partida. O último abraço apertado dos próximos sabe-se lá quantos meses. Talvez dois ou cinco. E a moça que conferia as passagens também ficou com os olhos cheios d'água, vendo a despedida. Ela caminhou sem rumo, querendo achar o portão certo de embarque. Chorou. Ele saiu do aeroporto para ir para casa. Chorou.
Uma hora e meia de voo, mil quilômetros e as nuvens lindas e irônicas no céu. Domingo feito para dar errado. Ele chegou em casa e se sentiu perdido. Ela chegou em casa e se sentiu perdida. Logo a lua veio no céu dela. E no céu dele as luzes dos prédios que nunca se apagam.

Tudo é incerto, menos o que os une.
Mais uns dias, uns meses, uns anos.
E a ponte de concreto não balança nem com as tempestades.