domingo, 26 de dezembro de 2010

Ganhou uma daquelas caixas que se vê nos filmes americanos que as pessoas usam quando saem do trabalho e colocam os seus pertences. Mas ela não vai sair do trabalho. Longe disso. Pegou os seus livros impressos, aqueles que guardam todas as frases escritas ao longo de três anos e que ninguém conhece, e os colocou nela. É como uma casa para as palavras. É como um refúgio, um lugar seguro, um abrigo que nunca vai se desmanchar, mesmo sendo feito de papelão.

Ainda precisa da bebida, mas vai ficando tonta quando o efeito passa e a ressaca domina o dia. Ainda precisa de gente, mesmo que prefira o silêncio do seu próprio quarto e as paredes riscadas com as fotos que estão caindo. Ainda precisa ir pro mar e gritar alto que o que pertence a ela não tem nome e, entretanto, é tão grande e tão lindo que pode salvar qualquer um... de si mesmo.
Viveu três domingos seguidos: o que antecedeu o Natal, o Natal e hoje. É que não se sabe diferenciar a sexta e o sábado quando essas datas se aproximam. E aí o que se faz é misturar tudo em uma garrafa de cerveja e beber. Bebeu tanto que está saltitante. Mas, quando se deitar na cama quente, vai adormecer sem nem se dar conta e não acordar. Talvez nunca mais.

"Nada de enterro, nem lágrimas, nem ilusões, nem paraíso ou inferno." Bukowski