quinta-feira, 3 de junho de 2010

Volta e meia umas palavras perdidas batiam à porta, pedindo abrigo. Geralmente era quando a chuva deixava as ruas alagadas. Eu as deixava entrar. O que podia fazer? Elas entravam encharcadas, sujavam o tapete da sala, largavam a capa de chuva em cima do sofá e tomavam a minha cama.
Noites frias e amargas. Eu com as minhas cobertas, no chão; elas na cama, rindo, talvez de mim. A chuva caindo lá fora.
A insônia
A falta de razão.
A falta de estrelas.
A falta de vontade.
A sobra de pensamentos vagos.
O ócio.
A perde do equilíbrio.
A insanidade.
Era difícil dormir naquelas noites. Era difícil manter um equilíbrio emocional. Pela manhã os meus olhos fundos, as olheiras, as dores físicas por causa do desconforto. Elas continuavam a rir. Consumiam o meu café da manhã, usavam as minhas meias quentes e grossas, ligavam a TV e trocavam de canal compulsivamente. Eu pensava que era um teste: se eu passasse por aquela tortura algo iria esvaziar as gavetas da minha mente e fazer uma limpeza. Quando iam embora levavam o meu café, deixavam a cama desarrumada e minha mente continuava suja.

Nomes? Ah sim, ironia, nostalgia e hipocrisia. Elas nunca morrem.