quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


Verdade é o nome dado para um fato visto de diferentes ângulos. Sim, a verdade nunca é uma só.
É tão mais fácil mentir e inventar histórias onde você mesmo acaba vivendo dentro delas e se perde da realidade e da relação que possui com as pessoas.
Conheço ela há tanto tempo que não lembro de mim no tempo em que nos conhecemos. A capa da minha revista preferida, o vinho daqueles domingos sórdidos, a pizza da janta quase fracassada. Difícil falar em amizade quando essa, também, tem umas faces a mais do que deveria. Mas eu falo, falo mesmo sem saber que do outro lado ela vai absorver essas palavras.
Não gosto quando ela mente pra mim. Ou quando se faz de vítima para os outros sem deixar eu saber. Porque ela consegue enganar os outros mas a mim, não.
Falo em amor, sim. Falo em empatia, sim. Falo em tolerância, sim.
Você constrói um prédio e 'se constrói' junto com ele. E o ama, cuida e inevitavelmente vive dele. Você não pode simplesmente deixá-lo desabar. Tenho medo de deixá-la desabar. Tenho medo desse egoísmo que tem sido fundamental. Tenho medo das frases curtas seguidas de ponto que eu envio para ela. Tenho medo dessa falta de envolvimento que me atinge há uns dois anos.
Sei que de mim, sem ela, não resta mais do que uma xícara de arrogância. E inversamente também.
Mas falta. Faltam os presentes de aniversário, as conversas da madrugada e até cumplicidade. Falta uma vírgula que talvez nunca venha a existir. E talvez um ponto a substitua, sem pedir a minha permissão.

Se essa construção ruir o arco-íris muda de cor e os olhos pretos se apagam.