segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Ainda é São Paulo. Eu, o meu amor e mais algumas pessoas entramos no bar e nos sentamos. Já é noite e as pessoas continuam a passar e eu continuo a tentar desviar o pensamento de que no dia seguinte vou deixar o meu amor e tornar a vê-lo depois de três meses. Eu queria que as pessoas ali compreendessem isso. Mas todos me olham como se eu fosse uma atração de circo, como se não pudesse haver alguma coisa dentro de mim. A garota sentada na minha frente fuma um cigarro atrás do outro e eu penso 'que merda de lei é essa se ela continua a fumar?' e eu começo a ficar com enjoo e deito minha cabeça na bolsa e escuto um cara do bar falando de amor e a cada duas palavras sai um palavrão como se amor estivesse ligado à sujeira. Soa duas risadas. Ele está jogando sinuca com um cara. Os olhos deles brilham como dois diamantezinhos, mas eles são dois homens com cara de derrotados, camisetas rasgadas e provavelmente vidas fracassadas. Eles estão sorrindo e gargalhando e talvez só isso bastasse. Será que basta?
Qual é a diferença deles e de dois homens que usam ternos e bebem vinhos caros em lugares caros e choram suas vidas lutadas e conquistadas que no final só trouxe a... solidão? Qual é a diferença?

Um tem a felicidade pobre.
O outro tem o dinheiro infeliz.

E eu, eu não querendo deixar o meu amor.
Quanta ironia!