sábado, 13 de dezembro de 2014

Notes from the couch XXXVI

Me tira de mim porque a consciência de saber que (...) me aterroriza. Porque preciso estar em constante movimento. Porque preciso me perder. Porque não preciso de um porquê. Me tira de mim porque preciso voltar a ser para fora. Porque o meu estoque interno já transbordou. Porque já não tenho como acumular no peito, nem na mente, nem nos olhos. Porque preciso ser também para os outros. Porque ser apenas para mim faz com que eu esqueça quem realmente sou. Ou apaga a possibilidade de ser alguma coisa. Me tira de mim e me guarda em um lugar ensolarado, de preferência com música clássica. Onde não faça muito calor nem muito frio. Onde tenha cerveja e eu possa falar sem me preocupar com a recepção dessas palavras. Me tira de mim e me resguarda. E quando eu já tiver sido o bastante, quando tiver me esvaziado de mim mesma, me coloca de volta e deixe que eu me restaure e me preencha por dentro de novo.