domingo, 16 de junho de 2013

Notes from the couch XI

Eu te fiz mar, e te fiz rei também. Mas te fiz, principalmente, desconhecido. Nos teus passos calmos, a minha inquietação. No teu sorriso ligeiro, a minha pressa. Entretanto - e há tanto nesse entretanto - cruzei as minhas pernas para que os pés se acalmassem. Para que o coração respirasse. Era tanta ânsia que minhas mãos rabiscavam sem hesitação as linhas apertadas de uma agenda amarela. Lá ficaram as frases incoerentes, manchadas por uma ou duas gotas da cerveja que escorria ao lado de fora do copo quando eu o levava à boca.
Eu me fiz o sal insuportável do mar. Longe do mar. E me fiz também desconhecida para mim mesma. Porque é mais fácil deixar branco quando não se sabe combinar cores. Porque dói menos do que o resultado catastrófico de uma tentativa receosa. E sendo sal, talvez feri teus olhos. Não que algum dia você confirmasse isso com algumas lágrimas. Não isso, não. Não choras. É mar demais. E não sei se esse substantivo, com a vogal a na frente, poderia se transformar em verbo. É substantivo demais para que te tornes um mero verbo.
 
Eu, do sal, fiquei vírgula.
Tu... bem, tu continuas mar.