sexta-feira, 9 de novembro de 2012

V

Pensei que poderíamos continuar descendo aquela rua que não tinha nome e depois subir a outra, algo como Osvaldo. E que aguentaríamos o calor deste verão que nem começou, desde que a cerveja nunca ficasse quente em nossas mãos e o fumo nunca se esgotasse do bolso da sua calça. Continuamos descendo, mais bêbados pelo tempo abafado do que de cerveja. Bem na esquina dessa Osvaldo senti vontade de gritar. Acho que adquiri essa mania no último ano. Quero gritar quando a paz vai para dentro de mim, como uma folha seca caindo em um monte de folhas molhadas. Mas minha vontade nunca vira grito, pois uma paz não pode ser exaltada. E por não conseguir gritar, te abracei ali mesmo, os olhos escondidos atrás do óculos de sol, as mãos embaixo da sua camisa branca de botões, pensando que a minha única preocupação era saber o horário em que precisaria estar no trabalho na manhã seguinte.