sábado, 7 de maio de 2011

"Para tranquilizá-lo dou um sorriso de despedida e começo a andar mas ele continua olhando com atenção cada movimento do meu sorriso e de minhas pestanas, não consigo me virar com um olhar malicioso, arbitrário, quero sorrir para ele quando estiver a caminho, ele responde com os próprios sorrisos elaborados e psicologicamente corroborativos, trocamos muita informação entre nós com sorrisos loucos de despedida." Kerouac

Você sumiu por uma semana e três dias. Enquanto vi o delírio dominando a minha mente, troquei os lençóis brancos da cama pequena, coloquei no travesseiro a fronha manchada de batom, limpei as xícaras que ficam na cabeceira e tive uma overdose de chocolate. Imaginei que teríamos filhos calmos e inteligentes. Bem, eles, pelo menos, saberiam falar inglês. Manchei o espelho com alguma coisa que não lembro. Bebi conhaque e esqueci de comer por uns dias. Não saí de casa. Dormi no cômodo vazio, um cobertor estendido no chão, o eco do silêncio formando uma melodia. Frio em todo o lugar.

Pensei que você não voltaria. Imaginei a sua chegada, a porta se abrindo, você me abraçando delicadamente e todo aquele repertório de palavras que escrevi para você me falar. Meu fígado não aguentou e morreu no oitavo dia de ausência.