sábado, 24 de abril de 2010

Aquele dia em que eles foram acampar na praia fazia 4 graus. Foi no último final de semana de julho, naquele ano em que todas as coisas aconteceram em tão pouco tempo.
A areia branca, tão fina e leve que se perdia nas mãos pequenas dela. O mar azul e grande, deixando as ondas quebrarem com força na beira. Ele engolia o silêncio e o transformava em uma música aparentemente violenta, mas visto na profundidade era tão calma e bonita que podia fazer alguém chorar.
Eles tinham umas latas de feijão, uma fogueira, uns casacos quentes e amor. A praia estava tão vazia que o vento era o único que se fazia presente. E o céu naquele preto imenso, acompanhado das estrelas que, umas ligadas as outras, formavam palavras e logo frases e logo, também, caminhos.

"Mas eu nunca soube de constelações: limitava-me a recebê-la(...)" C.F. Abreu.

Quando se deitavam, juntos, naquelas noites, o coração tão acelerado que aquecia os corpos. Eles tinham vontade de nunca mais acordar. E amavam, amavam com tanta sede, amavam com tanto amor que bem podiam ficar embriagados disso e morrer.
Eram parte daquele cenário que nunca mudava no inverno. Eram parte daquelas estrelas que nunca podiam cair. Eram parte daquele mar que nunca podia ter fim.

A única foto daquele final de semana emoldurada, meses depois, na parede da sala. O litro de vinho com um pedido dentro jogado na areia. A lua como única testemunha.
O pedido era: eternidade.