sábado, 8 de agosto de 2009


Eles eram quatro. Eram modernos, usavam roupas de marca e sentavam com cigarro no boca nos bares mais badalados da cidade. Quando o sino da igreja próxima tocava doze badaladas eles instintivamente se levantavam e iam em busca de drogas. Mas tinha que ter meninas. Tinha que ter bebida. Tinha que ter cocaína. Senão não era noite, senão não era um role de verdade.
Minha mãe não sabe o que é juventude. Eu não sei o que é juventude. Eles afirmavam saber.
Comiam batata frita às 4:00 da madrugada pra vomitar às 6:00. Chegavam em casa às 9:00 ainda com o cigarro na boca. Deitavam fedidos em suas camas com lençóis recém trocados e brancos. Acordavam doze ou quatorze horas depois com o fígado se desintegrando, o sorriso malicioso no canto da boca e as meias pretas. Caminhavam até a cozinha, comiam um danoninho e se atiravam no sofá para o horário de sair.
Eles, assim como eu, afirmavam não precisar de sentido. Eles, assim como eu, um dia vão ser vítima dos próprios conceitos e das palavras pronunciadas em alto tom no bar.
Mas eles não me conhecem e eu não os conheço. Mas eles não habitam dentro de mim e eu não sou parte deles.
Apenas ploriferamos as mesmas palavras, temos os mesmos medos e os mesmos desejos -ainda que agora eles não reconheçam isso. Eu odeio todos os seus vícios mas eles gostam dos meus. Eles gostam do tudo e eu gosto do nada. Porém, em qualquer fundo, somos iguais.