sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ele dizia, com aqueles olhos fundos que eu não suportava olhar:
-Venda seus sapatos! VENDA SEUS SAPATOS!
Mas tudo o que meus ouvidos digeriam era:
-Venda sua face! VENDA SUA ALMA!
Meus sapatos valiam mais que a minha alma. Minha face era lama, não havia resquícios do rosto branquinho que havia me pertencido.
Eu não era nada, não conseguia vender nada. A minha alma nem era minha, como podia vendê-la?
Não, meus sapatos não. Não...