sábado, 4 de outubro de 2014

Notes from the couch XXXIII

Eu acho que sim, que era você, que sempre foi você, que sempre vai ser. Mas que não sou mais eu. Que já passou do pôr do sol. E você ainda está no dia. E eu estou na noite. Claro, gostaria de estar no dia também. E há isso que nos separa, agora. Não sei até quando. Não sei se vai passar. Se eu passo e você fica. Se você me alcança. Se você vem pra noite, meu bem. Não sei. Há muito que parei de cansar. Que parei de achar. Olho pra um ponto que não existe. Você não acha que seja ponto, que seja vírgula. Você não acha qualquer coisa. Danço na ponta dos pés e faço um pedido. Você diz que estou velha demais para ser bailarina. Peço não querer. Quase acredito em Deus. Acredito, de repente, em tudo. Menos no futuro que já está em dezembro, e me pega pelo tornozelo. Não grito. Não sorrio. Não digo. Quero não pensar também.