Outra vez eu vou te ver e te levar naquele lugar que não existe. Aquele lugar onde os aviões nunca param de pousar e o céu é de um azul aveludado e a grama quase brilha de tão limpa. Outra vez vou te mostrar os caminhos que não levam a lugar nenhum e sentir o estômago queimando por estar gelado. Outra vez eu vou beber café em excesso só para me sentir um pouco bêbada, um pouco mais dentro dessa realidade que é deles, nunca minha. Outra vez eu vou sentir a calma saindo pelos olhos, os olhos consumidos pela incerteza de nunca mais haver certeza para garantir. Outra vez o presente vira passado e o passado vira futuro. Outra vez eu junto os cacos e costuro uma colcha de ilusões. Outra vez me escondo debaixo dessa coberta tecida, acrescento mais vida e danço na escuridão. Outra vez perco a fala, mas não a rima. Outra vez cubro a ferida e finjo que só tem ida esse movimento de vice-versa.