sábado, 30 de janeiro de 2010

Sempre havia uma marca da xícara de café na mesinha em seu quarto onde passava as suas noites de insônia. Papéis amarelados, brancos e azuis estavam sempre riscados ou amassados e formavam um tapete no chão de seu quarto. A cada gole de café surgia uma nova frase, mas quando o gole de café descia e o aquecimento interior sumia, a frase se perdia. E ela ia assim, noites e noites. De dia sobrava apenas o sono e as olheiras fundas que não combinavam com o brilho dos seus olhos pretos.

É que ela possuía uma felicidade ininteligível que se resumia nesses papéis amassados e nas frases perdidas. Ela era do complexo o mais simples mas nem por isso o mínimo. O meu reflexo, não. Mas quem sabe um dos recortes que ganhou vida. A mulher do guarda-chuva vermelho.