segunda-feira, 14 de abril de 2008

E quem disse que eu sinto, afinal de contas? Existe mais inconsciente dentro e fora de mim do que a própria realidade em si ou a construção dela. Vai ficando em alguma esquina não apenas os dias, mas tudo o que há dentro deles. Tenho apenas um sentimento e espero por esse período. Não costumo esperar. Dessa vez espero a minha própria vida- e melhor definição não existe.
Vai escorrendo como a água na bacia da pia e eu vou me intoxicando de meros vícios que somem com o final do dia- quando o dia então quer ter fim.
Já faz uns anos em cinco meses que o banco verde deixou de ser verde. A tinta descasca brutamente e as cores se perdem nos sapatos vazios que passam pela praça, diariamente. Eu não sei onde estou e onde estive durante todo esse tempo. Nem ao menos sei se fui carregada até aqui ou me dispus a vir sozinha com um copo na mão. E quem prova que o copo existiu também? E quem prova que alguma coisa em todo o seu contexto é, de fato, real?
Abandonei as verdades e certezas na noite em que a minha cabeça saiu do lugar pela primeira vez. E eu deixei de ter nostalgia para nunca mais a colocar de volta no lugar.
Apoderou-se de mim o que era nada e as cores do céu ainda me salvam antes de eu querer voltar a ser tudo no início da noite.